24 de janeiro de 2014

A Ponte Giratória

Ponte Giratória "aberta" - Década de 1920
A Ponte Giratória ligava o bairro do Recife ao de São José. Foi inaugurada no dia 5 de dezembro de 1923, servindo à cidade do Recife até a década de 1970.

A Ponte Giratória foi construída na bacia defronte da antiga “Barreta”, embocadura do rios Capibaribe e Beberibe, que era a passagem natural das barcaças e outras embarcações do mesmo porte, na época o único meio de transporte que se destinava aos cais interiores ou fluviais do Recife, como o da Alfândega, José Mariano e o do Colégio, também conhecido como Ramos.

Alfândega e a "Barreta" em 1906
Cais do Colégio ou de Ramos - 1858
Ao fundo a Ponte do Recife
A título de curiosidade, o Cais do Colégio ou de Ramos (acima), urbanizado em 1840, foi posteriormente chamado de Cais 22 de Novembro, em alusão à data do desembarque neste local da Família Imperial, em sua visita à Pernambuco em 1859, em frente à atual praça Dezessete. O nome "cais do colégio [dos jesuítas]" vem da época em que o prédio em frente ao cais, construído em 1642 para ser a igreja dos calvinistas, foi usado como colégio jesuíta de 1686 a 1760; hoje em dia, desde 1855, funciona no local a Igreja do divino Espírito Santo.

Voltado ao tema "ponte giratória", a sua construção foi determinada quando da modernização do porto do Recife, cujas obras ficaram a cargo da Societé de Consttruction du Port de Pernambuco até 1920, ficou estabelecido que, entre outras obras de apoio, seria construída uma ponte rodo-ferroviária de vão central giratório na bacia defronte à "Barreta" a fim de favorecer a passagem das embarcações veleiras e, ao mesmo tempo, para dar passagem ao transporte ferroviário para o porto do Recife. A linha férrea havia sido construída para as obras do porto e se tornou o principal meio de transporte para as cargas. Já as embarcações ainda transportavam açúcar e vinham de regiões não servidas por ferrovias e se utilizavam do cais do Abacaxi, hoje cais de Santa Rita, e dos cais da Alfândega e do Colégio.

A ponte foi inaugurada no dia 5 de dezembro de 1923. Era formada por três lances: dois fixos e um que girava. Este último deixava, ao girar, duas passagens para o trânsito marítimo – quando se dizia que a ponte estava “aberta”. Foi instalada uma sirene, que soava alto antes da ponte girar, e as suas cabeceiras eram barradas com correntes e avisos de alerta para evitar qualquer acidente. Entretanto, vários acidentes ocorreram com a queda de caminhões na maré, pela desobediência aos avisos. Quando, num giro, a ponte voltava a ser um todo inteiriço, permitia a passagem de trem pela faixa do meio, que era ferroviária e o tráfego de outros veículos e pedestres pelas laterais, quando então se dizia que a ponte estava “fechada”.
Ponte Giratória, em posição fechada, recém construída

Vista aérea tirada do Zepellin - 1930
Ponte Giratória "aberta" - década de 1930
Ao fundo e à direta o antigo Cais de Santa Rita, antes do aterramento





Ponte Giratória - década de 1940
Ponte Giratória - Década de 1950
Cartão postal da Ponte Giratória - Década de 1950

Com a implantação e a ampliação gradativa do sistema de transporte rodoviário no Estado o tráfego de embarcações foi diminuindo. Por outro lado, a ponte que fora construída em ferro, apresentou problemas na maquinaria e a função primeira da Ponte Giratória – dar passagem a grande número de barcaças que aportavam no porto do Recife – , aos poucos, caiu em desuso.

Assim, teve que ser desmontada e em seu lugar foi construída uma outra ponte, ampla e de cimento armado, que foi inaugurada, em 1971, com o nome de Ponte 12 de Setembro, data que lembra o dia solene da inauguração das reformas do porto, em 1918, quando atracou no cais do armazém 9, o paquete São Paulo da Companhia Lloyd Brasileiro.

Com a desativação da ponte Giratória, ficaram desativados tanto o Cais do Colégio, como o de Santa Rita, que foi aterrado, local onde se construiu um grande armazém e onde atualmente fica a Agemar.

Restos dos pilares da Ponte Giratória original
A ponte liga a Av. Alfredo Lisboa/Cais da Alfândega à Av. Sul/Cais de Santa Rita. Mesmo tendo sido inaugurada como Ponte 12 de Setembro, boa parte dos recifenses referia-se a ela como Ponte Giratória. Provavelmente este foi um dos motivos que levou a Prefeitura da Cidade do Recife a decretar, através da Lei Nº 16.916, de 19 de novembro de 2003, que sua denominação passaria a ser Antiga Ponte Giratória em vez de Ponte 12 de Setembro.
Antiga Ponte Giratória nos dias de hoje 
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

10 comentários:

  1. Ótimas fotos, da para acompanha a evolução das construções ao redor da ponte.

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    1. 1970, quando, tendo suas engrenagens danificadas e já não comportando o volume viário sobre ela.

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  3. "O Brasil não deixa suas cidades envelhecerem",
    ou melhor a falta de cultura tem destruído as construções históricas das cidades brasileiras

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  4. Gostaria de saber sobre os caminhões que cairão no rio se ainda estão la

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    1. Os que cairão ainda não estão lá.

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    2. Pois é - Já os que caíram, não devem mais estar lá, ou foram retirados, ou apodreceram pela ferrugem.

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  5. Quem construiu e quem fixou a ponte

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  6. Boa noite - O Cais de Santa Rita conheci antes de ser aterrado - Mas onde ficava o Cais do Colégio, que segundo a reportagem, também foi aterrado?

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  7. Descobri aqui porque a Ponte Giratória se chama ponte giratória, obrigado!

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